quinta-feira, 27 de setembro de 2007

NEM TODO CABARÉ É ASSIM!!!!

Não paramos de receber material interessante. Agora publicamos artigo do blogger Bruno Bezerra q tá bem no espírito. A lembrança do 11 de setembro é bem interessante!

Nem todo cabaré é assim!
Por Bruno Bezerra (*)

"Censurar a História é um crime” Cristovam Buarque, professor e senador brasileiro.

Foi com a expressão: Nem todo cabaré é assim! Que um eleitor na internet expressou toda sua indignação com a trágica palhaçada que aconteceu no Senado Federal no triste 12 de setembro de 2007.

Até parece que o Senado respeitou apenas o fúnebre 11 de setembro – dia do aniversário do maior atentado terrorista da história da humanidade – marcando o julgamento do seu presidente Renan Calheiros para o dia 12 de setembro. O dia de um dos mais trágicos momentos do parlamento brasileiro.

Uma tarde maculada pela censura, empurrões, socos, silêncio, cumplicidade vil e conluio contra a pátria. Eis a falsa democracia da maioria dos senadores brasileiros. Foi uma sessão secreta, entretanto, sem mistério algum. Foi uma sessão onde a própria censura foi escolhida como esconderijo sórdido para vários senadores covardes.

Uma sessão histórica que deixou uma pergunta na cabeça de muitos brasileiros de boa fé: Para que mesmo serve o Senado Federal?

Segundo um levantamento da Transparência Brasil cada senador custa mais de R$ 33,4 milhões por ano aos contribuintes brasileiros, ou seja... Eu, tu, nós, vós, eles, todos pagamos essa conta. Como o Senado tem 81 senadores, esse valor chega a mais de R$ 2,7 bilhões por ano. É muito dinheiro pra quase nada de produtivo, ou, é muito dinheiro pra muita sujeira.

Volto a perguntar: Para que mesmo serve o Senado Federal?

No dia 12 de setembro de 2007 assistimos a uma triste, trágica – e extremamente cara – palhaçada que custa R$ 2,7 bilhões por ano aos brasileiros. Quer dizer, nem assistimos, pois nem esse direito nós tivemos.

Fico pensando como seria bem mais produtivo para o Brasil e para os brasileiros, se ao invés dos senadores, esses R$ 2,7 bilhões fossem distribuídos todos os anos, com taxas de juros de 3% ao ano, para pequenos empreendedores de norte a sul do país, os verdadeiros heróis da nação, os verdadeiros provedores do desenvolvimento verde-amarelo.

E volto a perguntar: Para que mesmo serve o Senado Federal?

O Senado brasileiro tem uma das mais modernas e bem equipadas gráficas da América Latina. Fico imaginado toda aquela estrutura gráfica produzindo livros para distribuição gratuita – ou a preços simbólicos – para nossas crianças, jovens, adultos, idosos e, principalmente, para nossos estudantes carentes da alfabetização até o doutorado.

E volto a perguntar: Para que mesmo serve o Senado Federal?

A maioria dos atuais senadores transformou o Senado Federal num peso humilhante para a verdadeira democracia. Pois a verdadeira democracia, bem como a sociedade brasileira, não precisam do atual Senado Federal.

Todavia, um avacalhado Senado precisa, e muito, da falsa democracia exibida no nosso 12 de setembro. O dia de um dos maiores atentados à verdadeira democracia brasileira. O dia em que a indignação de um eleitor gritou: Nem todo cabaré é assim!

(*) Bruno Bezerra - é pernambucano Bruno Bezerra é administrador de empresas e escritor. Na internet mantém o blog Atitude Empreendedora.

Classe média

Quem matou Taís?

Chega um grande momento no país - o fim de mais uma novela da Globo - e não podia deixar de publicar mais essa contribuição aos nossos amigos de 33 milhões de reais.


QUEM MATOU TAÍS?

Lá para os idos de 1990, Renan Calheiros era um fiel escudeiro de Fernando Collor.

Lembro que ele chamava atenção pelo cabelo sempre despenteado. Era uma figura estranha, vivendo na sombra do poder. Foi eleito senador pelo estado de Alagoas em 1994 e reeleito em 2002.

Quando do impeachment, fazia parte da "tropa de choque" que defendia Collor.Collor se foi, mas Renan ficou. E aprendeu como poucos a navegar no mundo da política. Foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso, ocasião em que presidiu a XI Conferência dos Ministros da Justiça dos Países Ibero-Americanos, e pouco depois a reunião dos ministros do Interior do Mercosul, Bolívia e Chile. Foi também presidente do Conselho Nacional de Trânsito (Contran); do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda); do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) e do Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp). Em 2002, foi um dos mentores do Estatuto do Desarmamento.

Chegou a Presidente do Senado Federal em 2005 e foi reeleito em 2007. O cabelo despenteado desapareceu, a roupa melhorou, o patrimônio aumentou. E ele acabou traçando aquela tetéia que era repórter da Rede Globo. O resto já sabemos. O escudeiro transforma-se na figura central da política brasileira durante o primeiro semestre de 2007.

Surgem denúncias em cima de denúncias. Mas o cara não cai. Resiste bravamente, de tal forma que começamos a desconfiar que ele tem mais do que inocência.Ele sabe das coisas. Ou melhor, ele sabe de coisas. Sabe tanto que pode ameaçar: - Se cair, levo um monte junto.Esse é o risco que corre quem tem escudeiro. O escudeiro conhece as manias do príncipe, as fraquezas do príncipe, as sacanagens do príncipe. E seu conhecimento pode destruir o príncipe. Para livrar-se dele o príncipe tem que mandar matar. Ou aceitar a chantagem.O que assistimos nos últimos meses talvez seja um dos maiores escândalos de chantagem pública "destepaíz".

Nunca antes um senador teve em suas mãos tanto poder, tanto conhecimento para causar medo. Veja só: provoca o afastamento de Fernando Collor, que se licencia de seu mandato reconquistado depois de cumprir a pena pelo impeachment. Collor não pode votar contra seu ex-escudeiro. Provoca a saída do país do Presidente Lula, que faz teatro do outro lado do mundo. Destrói a carreira de Aloísio Mercadante, que mais uma vez tenta explicar o inexplicável, justificar o injustificável. Expõe a cara-de-pau de um Romero Jucá, de um Epitáfio Cafeteira. Deixa explícito que a mídia pode muito, mas não pode tudo. Mancha definitivamente a imagem do Senado.

É poder demais para um senador só, o que nos leva a perguntar: o que é que Renan sabe? Eu posso imaginar. Sabe de outros senadores e deputados que usam dos mesmos expedientes que ele usou para benefício próprio. Sabe tudinho do mensalão. Sabe das negociatas para compra de votos, para mudança de legenda, para proteção de empresas devedoras frente ao fisco. Sabe das doações de bancos e grandes empresas. Sabe de concessões de rádio e televisão. Sabe quem come quem. Sabe dos propinodutos variados (aliás, quando é que uma CPI vai dedicar-se a esmiuçar os contratos da área de informática no governo?). Deve saber dos acordos envolvendo as Farcs. Chavez. Fidel Castro. Sabe de muitos outros filhos fora do casamento. Talvez Renan saiba quem matou Celso Daniel e o Toninho do PT. Deve saber sobre os bastidores das privatizações. Conhece alguns - ou muitos - podres envolvendo as grandes estatais. Sabe do Kia, do Boris e do Corinthians...Renan tem o poder supremo: informação. Ele manda em quem quiser. Ele dita regras, exige apoio e faz tremer. Renan pode tudo. E sabe que pode. Daí aquela segurança, aquela arrogância, aquele sorrisinho, aquele "abissolutamente", aquela certeza, aqueles abraços e apertos de mão inexplicáveis. Renan é o cara.

Quer saber? Eu acho que Renan sabe até quem matou a Taís. E nós, que pensamos que sabemos das coisas e na verdade sabemos de nada? Vamos seguir a vida, bovinamente resignados e obedecendo ao supremo mandamento do novo Brasil:- Cale a boca. E compre. Será que o Renan sabe até quando?

Este artigo é de autoria de Luciano Pires (www.lucianopires.com.br) e está liberado para utilização em qualquer meio, contanto que seja citado o autor e não haja alteração em seu conteúdo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

DESONRA

Outras perspectivas
Campanha publicitária reforça conceito da Bienal B

Outras perspectivas é o slogan da campanha publicitária da Bienal B criada pela Paim Comunicação e que reforça o conceito do evento em sua primeira edição. A frase, usada em todo o material desenvolvido pela agência, representa a idéia da Bienal B de discutir o atual sistema de artes e apresentar uma nova visão de mundo através da arte contemporânea. A campanha que envolve anúncio, mídia externa, TV e rádio tem como base anagramas, demonstrando que tudo pode ter mais que um sentido.

O jogo de palavras suscita curiosidade ao propor formas inteligentes e divertidas de leitura, provocando a reflexão sobre o significado da Bienal B e da própria arte como reflexo de seu tempo. A linguagem de anagramas é explorada estrategicamente pela Paim Comunicação para facilitar a comunicação com diversos públicos e instigar questionamentos de maneira mais democrática.

Um dos anagramas criados para a campanha é com a palavra SENADOR, que, com suas letras em outra ordem, transforma-se em DESONRA. A relação dispensa maiores explicações, sobretudo após a absolvição do senador Renan Calheiros. Este anúncio será publicado nos jornais desta sexta-feira, dia 14 de setembro.

Na sua concepção, a Bienal B chega com a proposta de não ser antagônica, mas paralela à Bienal do Mercosul, abrindo espaço para todos - mais artistas e mais público. Como dizem os anagramas, estimulando a montagem de palavras e conceitos: para a Bienal B, sempre devem existir outras perspectivas, pois tudo tem outro ponto de vista.

A pergunta nacional

Charge da ZH escancara a pergunta nacional.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Emails de Vossas Excelências

Você pode perder algum tempo mandando um email para o seu senador favorito. Caso tenha uma resposta, por favor não deixe de compartilhar conosco...

  • Alberto Silva: alberto.silva@senador.gov.br
  • Almeida Lima: almeida.lima@senador.gov.br
  • Aloizio Mercadante: mercadante@senador.gov.br
  • Alvaro Dias: alvarodias@senador.gov.br
  • Amir Lando: amir.lando@senador.gov.br
  • Ana Júlia Carepa: ana.julia@senadora.gov.br
  • Antero Paes de Barros: antero.barros@senador.gov.br
  • Antônio Carlos Valadares: antval@senador.gov.br
  • Arthur Virgílio: arthur.virgilio@senador.gov.br
  • Augusto Botelho: augusto.botelho@senador.gov.br
  • César Borges: cesarborges@senador.gov.br
  • Cristovam Buarque: cristovam@senador.gov.br
  • Delcidio Amaral: delcidio.amaral@senador.gov.br
  • Demostenes Torres: demostenes.torres@senador.gov.br
  • Duciomar Costa: duciomar@senador.gov.br
  • Edison Lobão: edison.lobao@senador.gov.br
  • Eduardo Azeredo: eduardo.azeredo@senador.gov.br
  • Eduardo Siqueira Campos: eduardo.siqueira@senador.gov.br
  • Eduardo Suplicy: eduardo.suplicy@senador.gov.br
  • Efraim Morais: efraim.morais@senador.gov.br
  • Fátima Cleide: fatima.cleide@senadora.gov.br
  • Fernando Bezerra: fbezerra@senador.gov.br
  • Flávio Arns: flavioarns@senador.gov.br
  • Garibaldi Alves Filho: garibaldi.alves@senador.gov.br
  • Geraldo Mesquita Júnior: geraldo.mesquita@senador.gov.br
  • Gerson Camata: gecamata@senador.gov.br
  • Gilberto Mestrinho: gilberto.mestrinho@senador.gov.br
  • Hélio Costa: helio.costa@senador.gov.br
  • Heloísa Helena: heloisa.helena@senadora.gov.br
  • Heráclito Fortes: heraclito.fortes@senador.gov.br
  • Ideli Salvatti: ideli.salvatti@senadora.gov.br
  • Jefferson Peres: jefperes@senador.gov.br
  • João Alberto Souza: joao.alberto@senador.gov.br
  • João Capiberibe: capi@senador.gov.br
  • João Ribeiro: joaoribeiro@senador.gov.br
  • Jonas Pinheiro: jonaspinheiro@senador.gov.br
  • Jorge Bornhausen: bornhausen@senador.gov.br
  • José Agripino: jose.agripino@senador.gov.br
  • José Alencar: jose.alencar@senado.gov.br
  • José Jorge: jose.jorge@senador.gov.br
  • José Maranhão: jose.maranhao@senador.gov.br
  • José Sarney: sarney@senador.gov.br
  • Juvêncio da Fonseca: juvencio.fonseca@senador.gov.br
  • Leomar Quintanilha: leomar@senador.gov.br
  • Leonel Pavan: pavan@senador.gov.br
  • Lúcia Vânia: lucia.vania@senadora.gov.br
  • Luiz Estevão: luiz.estevao@senado.gov.br
  • Luiz Otavio: luiz.otavio@senador.gov.br
  • Luiz Pontes: luiz.pontes@senador.gov.br
  • Magno Malta: magnomalta@senador.gov.br
  • Maguito Vilela: maguito.vilela@senador.gov.br
  • Mão Santa: maosanta@senador.gov.br
  • Marcelo Crivella: crivella@senador.gov.br
  • Marco Maciel: marco.maciel@senador.gov.br
  • Maria do Carmo Alves: maria.carmo@senadora.gov.br
  • Marina Silva: marinasi@senado.gov.br
  • Mozarildo Cavalcanti: mozarildo@senador.gov.br
  • Ney Suassuna: neysuassun@senador.gov.br
  • Osmar Dias: osmardias@senador.gov.br
  • Papaléo Paes: papaleo@senador.gov.br
  • Patrícia Saboya: patricia@senadora.gov.br
  • Paulo Hartung: paulo.hartung@senado.gov.br
  • Paulo Octávio: paulo.octavio@senador.gov.br
  • Paulo Paim: paulopaim@senador.gov.br
  • Paulo Souto: paulo.souto@senado.gov.br
  • Pedro Simon: simon@senador.gov.br
  • Renan Calheiros: renan.calheiros@senador.gov.br
  • Roberto Saturnino: roberto.saturnino@senador.gov.br
  • Romero Jucá: romero.juca@senador.gov.br
  • Romeu Tuma: romeu.tuma@senador.gov.br
  • Roseana Sarney: roseana.sarney@senadora.gov.br
  • Sérgio Cabral: sergio.cabral@senador.gov.br
  • Sérgio Guerra: sergio.guerra@senador.gov.br
  • Sérgio Zambiasi: sergio.zambiasi@senador.gov.br
  • Serys Slhessarenko: serys@senadora.gov.br
  • Tasso Jereissati: tasso.jereissati@senador.gov.br
  • Teotonio Vilela Filho: teotonio@senador.gov.br
  • Tião Viana: tiao.viana@senador.gov.br
  • Valdir Raupp: valdir.raupp@senador.gov.br

domingo, 23 de setembro de 2007

Fim do Senado na capa da Zero Hora de domingo

O debate sobre o fim do senado chega à capa da edição dominical do jornal mais lido no Rio Grande do Sul. A tiragem estimada é de 200 mil exemplares e esse fato só alimenta a força do movimento que pede a cabeça dos homens de 33 milhões de reais.







16 de setembro de 2007 | N° 15367

Reportagem Especial

Uma instituição em xeque

Concebido há 181 anos para dignificar a política do país, o Senado vive uma crise ética que dissolveu sua credibilidade e suscita um debate em torno da extinção da chamada Câmara Alta da República.

Para representantes da sociedade civil, a sessão secreta que absolveu Renan Calheiros (PMDB-AL) serviu de extrema-unção para a instituição, cuja imagem foi estilhaçada por um presidente envolvido com escândalos que vão desde a traição conjugal a denúncias de cobrança de propina e lavagem de dinheiro.

- A Casa está abastardada. Cometeu um suicídio político - diz o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).

Acusado de pelo menos 10 crimes e atos contra a administração pública, Calheiros salvou o mandato intimidando colegas, manobrando o julgamento no Conselho de Ética e dificultando a obtenção de provas. Após a sessão de quarta-feira, na qual obteve o voto de 40 parlamentares, deixou o plenário sob vaias de funcionários da Casa que preside.

- Vamos carregar esse defunto político por muito tempo - disse o senador Gerson Camata (PMDB-ES).

De acordo com um levantamento do instituto Transparência Brasil, o Senado brasileiro é a casa legislativa mais cara do mundo. Com um orçamento de R$ 2,6 bilhões para 2007, gasta R$ 33,1 milhões por ano com cada senador. A pesquisa comparou os custos do Senado com os parlamentos de outros 11 países da Europa e das Américas do Sul e do Norte, levando em conta tanto a renda per capita dos habitantes como o valor do salário mínimo.

- Cada senador custa uma fortuna. É uma casa carcomida e não há nada que eles façam que a Câmara não possa fazer - argumenta o diretor executivo do Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo.

Para ele, uma eventual extinção do Senado seria viável. Ele só lamenta que o debate esteja restrito a formadores de opinião, não tendo ainda gerado um movimento na sociedade. A sensação é compartilhada pelos próprios funcionários da Casa. Na quinta-feira, um assessor técnico lamentava, em pleno plenário, a falta de protestos em repúdio ao resultado da votação:

- A sociedade também tem culpa. Hoje era para ter uma multidão aqui, tentando invadir o Congresso. Mas não tem ninguém.

Na última semana, entretanto, começaram a espocar manifestações pelo país. Embora considere temerária uma discussão ocasional sobre a extinção do Senado, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, não é contrário à idéia. Mais urgente, considera, é a reformulação do regimento interno. A OAB se prepara para ingressar no Supremo Tribunal Federal com uma ação de inconstitucionalidade (Adin) contra o artigo 197 do regimento, que determina o sigilo das votações para cassação de mandato.

- Numa democracia, não se pode permitir que o parlamento decida às escondidas - justifica Brito.

Embora refutem a idéia de extinção da Casa, muitos senadores não escondem a vergonha. A reação dos eleitores foi tamanha que o sistema de telefonia e o site do Senado tiveram uma pane. Acostumado a receber em média 800 e-mails por dia, Paulo Paim (PT) viu sua caixa postal eletrônica inflar na quinta-feira. Até o meio-dia, já havia recebido mais de 1,5 mil mensagens de protesto. Líder do Democratas, José Agripino Maia (RN) recebeu 7 mil.

- O Senado está nivelado por baixo - constatou Agripino.

O constrangimento, porém, atingiu apenas parte dos senadores. Aliado de Calheiros, Almeida Lima (PMDB-SE) chegou a afirmar que a absolvição do colega era uma "vitória do povo". Já Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) abriu a sessão seguinte ao julgamento alheio ao clamor popular. Preferiu discursar saudando os 50 anos do Conselho Federal de Medicina.

- O Senado está desconectado da realidade. Os senadores assinaram o atestado de óbito. Pode fechar que ninguém vai reclamar - afirma a deputada Luciana Genro (P-Sol).

( carolina.bahia@zerohora.com.br / fabio.schaffner@gruporbs.com.br )

CAROLINA BAHIA E FÁBIO SCHAFFNER | Brasília

Reportagem Especial

Os sete erros do Senado

A absolvição de Renan Calheiros (PDMB-AL) não é só causa, mas também conseqüência da crise ética do Senado. Por razões que vão desde o desvirtuamento dos seus objetivos até o regimento retrógrado, a Casa terá de corrigir seu modus operandi se quiser readquirir alguma credibilidade junto à sociedade.

Regimento distante do eleitor

- Elaborado em 1970, em pleno regime militar, o regimento do Senado tem artigos como o 197, que prevê sessão secreta para a cassação de senadores. Em tempos de internet e TV Senado, a Casa fechou-se e escondeu dos brasileiros quem absolveu Calheiros. A votação, nesse caso respeitando o artigo 55 da Constituição, também secreta.

- Há quatro anos, o senador Tião Viana (PT-AC) apresentou projeto que tornava a votação aberta em todas as situações. Partidos da oposição, como PSDB e PFL (hoje Democratas), foram contra. Hoje, o jogo de interesses se inverte: Democratas e PSDB querem voto aberto, enquanto Viana comandou a sessão - que o governo fez questão de manter secreta - que absolveu Calheiros. Viana não declarou seu voto.

A proliferação dos suplentes

- Quando um deputado perde o mandato, o partido herda a sua cadeira. No Senado, ela acaba com um ilustre desconhecido do eleitor. Por vezes até com um investidor da campanha, como Wellington Salgado (PMDB-MG) - milionário que substituiu o hoje ministro Hélio Costa (Comunicação). Ou com um leão-de-chácara do titular, como Gim Argello (PTB-DF), que substituiu Joaquim Roriz (PMDB-DF) em julho.

- Com pouco poder político, os suplentes - 13 dos 81 senadores - são usados como massa de manobra. Suplente da ministra Marina Silva (Meio Ambiente), coube num primeiro momento ao inexpressivo Sibá Machado (PT-AM) presidir o Conselho de Ética para julgar Calheiros. Não suportou a pressão e renunciou.

Um conselho carente de ética

- Pedro Simon (PMDB) e Cristovam Buarque (PDT-DF) sequer fazem parte do Conselho de Ética, composto às pressas e sem regimento para julgar Calheiros. Outros senadores, como Eduardo Suplicy (PT-SP), Demóstenes Torres (Democratas-GO) e Jefferson Peres (PDT-AM), fazem parte do Conselho, mas são impedidos de presidi-lo ou de relatar seus processos pela maioria de senadores do baixo clero - suplentes, em geral - , que foi usada para viciar as decisões do órgão.

- Para agradar Calheiros, o conselho foi presidido por Sibá Machado (PT-AM) e, agora, por Leomar Quintanilha (PMDB-TO), que responde a processos no Supremo Tribunal Federal por crimes contra a ordem tributária e contra a administração pública.

Planalto entra em campo

- Durante o julgamento de Calheiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava em viagem a países nórdicos. Disse pela imprensa que o caso Calheiros "era uma questão do Senado". A realidade, entretanto, foi outra.

- Por meio dos senadores petistas Aloizio Mercadante (SP) e Ideli Salvatti (SC) e do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), o Planalto trabalhou para absolver Calheiros e, assim, manter controlada a ala do PMDB comandada por ele.

O poder do presidente

- A princípio, parecia teimosia, mas manter-se firme no posto de presidente do Senado se mostrou uma decisão acertada para Calheiros. Ao longo da crise que enfrentou, o senador fez uso da máquina a serviço da presidência do Congresso para convencer senadores a votar em seu favor e para constranger servidores.

Oposição omissa

- A promessa de paralisação do Congresso enquanto Calheiros estivesse na presidência da instituição ficou no discurso. De exceção em exceção, PSDB, Democratas e outros partidos de oposição não conseguiram - ou não quiseram - trancar as votações. O próprio Calheiros comemorou, em entrevista à Rádio Gaúcha, ter conseguido aprovar 70 medidas provisórias em plena crise.

Agora, os oposicionistas prometem uma operação-padrão e endurecer na questão mais importantes para o governo federal.

- A CPMF não podemos votar. Não venham com a chantagem de dizer que a CPMF tira dinheiro da saúde. O governo que tire recursos de outro lugar - disse Marisa Serrano (PSDB-MS).

Corporativismo sem limite

- Quando surgiu a primeira das suspeitas contra Calheiros, os senadores - com raras exceções - blindaram o seu presidente. Romeu Tuma (Democratas-SP), corregedor-geral, declarou antes de se iniciarem as investigações que queria absolver Calheiros. Frente à bola de neve de irregularidades, teve de voltar atrás.

Arthur Virgílio (PSDB-AM) chegou a pedir em plenário o arquivamento da denúncia contra Calheiros envolvendo a cervejaria Schincariol.

Um protesto virtual e silencioso

Em 13 de abril de 1984, o Movimento Diretas Já levou às ruas, só em Porto Alegre, mais de 150 mil pessoas para pedir eleições presidenciais. No início dos anos 90, milhares de estudantes tomaram avenidas e praças de várias capitais exigindo o impeachment do presidente Fernando Collor. Apesar de a indignação estar presente no país desde a absolvição do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), resta a pergunta: onde estão as manifestações de descontentamento?

A possibilidade de o país cair na apatia, temida pelo secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa (veja entrevista abaixo), divide os especialistas. A cientista política Lucia Hippolito entende que a indignação está na rua, mas de outra forma. Ela argumenta que as grandes passeatas de protesto, tão em voga no passado, estão fora da agenda porque o governo Luiz Inácio Lula da Silva conta com a simpatia das centrais sindicais e dos estudantes.

- As grandes manifestações do passado não ocorrem mais porque a União Nacional dos Estudantes (UNE) e as centrais foram aparelhadas pelo governo federal - diz Lucia.

Para ela, ao ajudar a salvar Calheiros, o Planalto ganhou um fôlego de curto prazo. O impulso deverá garantir a aprovação da CPMF no Senado, para depois cair na pasmaceira que ameaça congelar o Congresso até o final do ano.

- Mas o grande ganhador foi mesmo Calheiros - diz Lucia.

A UNE não menciona grandes mobilizações, mas garante que acompanhará de perto os próximos movimentos do caso Calheiros. Até agora, a manifestação mais expressiva contra o senador por parte de estudantes ocorreu em Araçatuba (SP), e não foi organizada pela entidade: 250 universitários protestaram com narizes de palhaço. A mobilização durou uma hora e acabou em uma bar, com uma banda de pagode.

A presidente da UNE, Lúcia Stumpf, acredita que a política institucional está em descrédito porque fatores como o voto secreto afastam a sociedade de uma postura mais crítica.

- A sociedade ficou de fora do que se passou no Senado. É como se a Casa não fosse uma instituição pública, mas um grupo restrito de amigos que decide o futuro das coisas - afirmou.

As volumosas mobilizações, com bandeiras, faixas e gritos de ordem, correm o risco de ficar só na memória afetiva dos militantes de outros tempos. Mas é precipitado dizer que a rua não é mais lugar de protesto. Um grupo de oito artistas plásticos, capitaneado por Zoravia Bettiol, marcou para este domingo, às 11h, uma manifestação inusitada no Monumento ao Expedicionário, no Parque da Redenção, em Porto Alegre. Será o Buffet de Filomena.

Como não há muitas vozes a protestar, a saída proposta pelos artistas é o humor. O grupo fará performances teatrais e oferecerá um cardápio irreverente, com direito a "pato bem cassado à Renan Calheiros", acompanhado de cerveja "Xincariol" e, de sobremesa, "Pavê não dá, o voto é secreto". No final, o grupo promete promover um panelaço.

- O país está de cabeça para baixo. Às vezes o discurso não adianta muito, é melhor partir para o humor. O riso torna tudo mais leve, mas provoca reflexão - opina Zoravia.

A ética deixou de ser um diferencial entre os partidos. Essa é aposta do professor de pós-graduação em Ciência Política da UFRGS André Marenco para explicar a desilusão coletiva. Segundo ele, o PT conseguiu ascensão no cenário político tendo a ética como diferencial - o que se desfez com o escândalo do mensalão.

- No que diz respeito à corrupção, está claro que não há mocinho e bandido - diz Marenco.

O professor da UFRGS atribui à internet a alteração do perfil do militante dos anos 2000. A popularização da rede mundial fortaleceu a idéia do manifestante individual, em detrimento das mobilizações coletivas. Se o resultado é o mesmo, Marenco não arrisca responder.

A troca das bandeiras pelo teclado do computador está plenamente confirmada no episódio de Calheiros. O site do Senado ficou fora do ar por horas no dia seguinte à absolvição, torpedeado pelos e-mails indignados que partiram de todo o Brasil.

Apesar da avalanche de cobranças pela internet, ainda assim os brasileiros seriam mais condescendentes aos desvios éticos que os povos europeus. Professor de Filosofia da Unisinos, Carlos Cirne Lima diz que o país está em um estágio de subdesenvolvimento no que diz respeito à ética.

- É como uma criança na primeira fase da infância. Ela só faz o que é certo se houver um adulto por perto. A maior parte do povo brasileiro está nesse estágio, não traz a ética dentro de si, só faz o bem se estiver sob observação - compara.

( adriano.barcelos@zerohora.com.br )


"Se confunde politicagem com política"

Entrevista: Dom Dimas Barbosa, Secretário-geral da CNBB

Como caminhos distintos que às vezes se cruzam, religião e política se encontraram mais uma vez na semana que passou. Partiu do secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa, o chamamento mais forte para evitar que a absolvição do senador Renan Calheiros leve o país à apatia.

Em entrevista por telefone a Zero Hora, na quinta-feira, Barbosa falou sobre a participação da Igreja na mobilização política no Brasil.

Zero Hora - Corremos o risco de apatia?

Dom Dimas Lara Barbosa
- Nas minhas andanças nos meios católicos, percebi que nesse processo de quatro meses em torno de Calheiros houve um interesse até que significativo do povo. O que percebo no nosso povo é um descrédito grande com relação à política e aos políticos.

ZH - Para onde esse descrédito pode nos levar?

Dom Dimas
- Os políticos não estão em alta cotação na sociedade. Isso gera um resultado nocivo, o da nivelação de todos por baixo. Se confunde politicagem com política. A outra reação das pessoas, por conta da impunidade, é achar que é isso mesmo, que não adianta nada o povo se organizar para cobrar seus próprios representantes. Isso causa apatia, indiferença ou repulsa pela política.

ZH - Em entrevista recente, o senhor fez críticas à imunidade parlamentar. Ela é um atrativo aos maus políticos?

Dom Dimas
- A gente sabe de casos de pessoas que estavam sendo condenadas e que de repente foram eleitas e adquiriram foro privilegiado. Isso me parece que é até ocasional. O que precisa ser discutido é o próprio compadrio. Vicia um pouco o sistema o fato de eles serem julgados pelos próprios pares.

ZH - O Brasil está mais corrupto ou a sociedade mais vigilante?

Dom Dimas
- Nos últimos anos, tem havido uma avalanche de denúncias, processos e CPIs. É uma coisa alarmante. O pior é quando isso começa a ser assimilado pelas pessoas como normal. É fato que as pessoas com representatividade acabam exercendo influência como modelos para juventude.

ZH - Faltou pressão da sociedade civil com relação ao caso Calheiros?

Dom Dimas
- Eu percebia que a cada denúncia, nas colunas de leitor dos jornais havia manifestações bastante grandes. Mas o simples fato de o Congresso estar dividido indica que houve pressões de todos os lados, do povo também.

ZH - A mobilização de rua perdeu espaço para a militância virtual?

Dom Dimas
- Em Brasília, se percebe que existem ainda protestos de rua até significativos, nos mais diversos temas. Aquelas greves dos anos 70 e 80 não ocorrem mais, até porque caminhamos sobre outra conjuntura. O mundo virtual traz riscos, mas é um instrumento cômodo, porque é quase anônimo.



quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Senado para quê?


Ensaio deRoberto Pompeu de Toledo, publicado na revista Veja (edição 2026, de 19 de setembr de 2007

Senado para quê?


Eis uma boa hora para repensar uma
casa que, além de inútil, pode ser malsã

Muitos países vivem sem Senado e não são menos felizes, ou mais infelizes, por causa disso. Israel é um bom exemplo. Portugal é outro. São países que adotam o chamado sistema "unicameral", o do Poder Legislativo sediado em uma única casa, a Câmara (ou Assembléia) dos Deputados. Há, na teoria, argumentos pró e contra o unicameralismo ou o bicameralismo. No Brasil, a velhos argumentos contra a existência do Senado, somou-se, na semana passada, um novo. Os velhos argumentos são:

• O Senado torna o Poder Legislativo repetitivo e lento. O processo de uma lei passar pela Câmara, depois ir para o Senado, depois voltar para a Câmara se houver modificação no Senado, e depois até talvez voltar para o Senado se houver modificação na Câmara, produz cansaço e exasperação. No meio do caminho, perde-se o interesse e arrisca-se comprometer a oportunidade da lei. Quando se tem em conta que, em cada casa, o projeto passa por diferentes comissões especializadas, o cansaço e a exasperação crescem. As comissões existem para peneirar as propostas, examinando-as sob diversos pontos de vista. Com isso, instala-se um processo de revisão que torna redundante o "poder revisor" que se atribui ao Senado.

• A existência de duas casas legislativas resulta em concorrência de uma contra a outra. Muitos são os exemplos de rivalidade nociva entre Câmara e Senado. Fiquemos em um, recente: a instalação das chamadas CPIs "do apagão aéreo". Como não houve acordo para criar uma comissão mista (as vaidades são muitas, e a tela da televisão é pequena), criaram-se duas, uma no Senado e outra na Câmara. Resultado: duplicação de depoimentos, conclusões discordantes, desperdício de energia e perda de credibilidade.

• A especificidade do Senado dilui-se no sistema brasileiro. A especificidade do Senado é representar os estados, enquanto a Câmara representa o povo. No Senado, os estados são representados por igual, à razão de três senadores cada um. Na Câmara, um estado será tão mais representado quanto maior for sua população. Isso na teoria. Ocorre que, pela legislação brasileira, há um número mínimo (oito) e um máximo (setenta) de deputados por estado. Isso faz com que a população de estados pequenos seja super-representada e a dos grandes sub-representada. Roraima, com 400.000 habitantes e oito deputados, tem um deputado para cada 50.000 habitantes, enquanto São Paulo, com 40 milhões de habitantes e setenta deputados, tem um para cada 570.000. A população de São Paulo vale, na Câmara dos Deputados, onze vezes menos do que a de Roraima. Tal sistema existe, segundo seus formuladores, para proteger os estados menores e tornar mais equitativa, na Câmara, a presença das diversas unidades federativas. Ora, não é o Senado a casa da representação equitativa dos estados? Se a Câmara usurpou esse papel, para que o Senado?

• O Senado é em larga parte biônico. "Biônico" era o apelido, na ditadura, do senador nomeado, invenção do regime para não perder o controle da casa. Eram senadores sem voto. Pois mais de vinte anos depois da redemocratização continuam a existir os senadores biônicos, agora na pessoa do "suplente", aquele de quem ninguém ouve falar na campanha eleitoral e, quando menos se espera, lá está, ocupando uma cadeira para a qual se votou em outro. Um caso recente é o do senador Euclydes Mello, do PTB de Alagoas. O eleito Fernando Collor saiu para dar uma volta e assumiu o primo suplente. Outro caso recente é o de Gim Argello (PTB-DF), que despontou para a vaga de Joaquim Roriz com um rico elenco de suspeitas sobre sua cabeça, mas que teve a posse assegurada pelo voto amigo do presidente Renan Calheiros. A presença dos biônicos deslegitimiza a casa.

• O Senado não cumpre deveres que lhe são específicos. Cabe-lhe com exclusividade aprovar as indicações de ministros do Supremo Tribunal, embaixadores e membros das agências reguladoras. É uma tarefa nobre e útil, que mais nobre e útil seria se fosse exercida com cuidado e competência. Não é o caso. Na aprovação da notória diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Senado comportou-se com a habitual leviandade, antes como carimbador das propostas do Executivo do que como poder verificador e equilibrador das decisões do outro.

A esses argumentos acrescentou-se, na semana passada, evidenciado em toda sua extensão, o mal do "clubismo". Por ser uma casa pequena, onde todos se conhecem bem, o Senado é ambiente propício às cumplicidades, à troca de favores e à venda de lealdades. Não foi outra a causa da absolvição de Renan Calheiros. O clube se fechou em torno dele (ou, pelo menos, a maioria do clube), num processo de escora mútua: eu protejo você hoje e você me protege amanhã, eu finjo que não vejo o que você fez e você finge que não vê o que eu faço, e vamos todos juntos, que o barco soçobra e se um cair ao mar corremos todos o risco de lhe fazer companhia. O clube é uma instituição malsã porque, em vez de ao estado e à nação, tende a servir a si mesmo, a suas trapaças e a suas malfeitorias.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Fluxograma do Renan

Não nos pronunciamos muito sobre o caso Renan, pois a revolta foi geral. Para não dizer que não falamos de flores, publicamos esse explicativo fluxograma do caso que recebemos por email.


DCE da Feevale realiza enterro do Senado

Na próxima segunda-feira (17), os integrantes do DCE da Feevale irão realizar uma atividade que simboliza o desgosto de toda a nação após a vergonha da absolvição do senador Renan Calheiros, que continua a exercer seu mandato livremente. Durante os turnos da manhã e tarde, os estudantes realizarão o velório em memória da morte do Senado Federal. Às 19h30, em frente ao Prédio Lilás do campus 2, também será realizado o ato fúnebre, com direito a votos religiosos de encomendação do corpo.

"Esta é a única forma da sociedade civil organizada poder se expressar, já que as autoridades não encontraram um meio de punir um corrupto como Renan Calheiros. Definitivamente, o julgamento favorável a ele marcou o fim das esperanças dos brasileiros no trabalho do Senado Federal. Ele perdeu seu valor", afirmou o presidente do DCE, Marcus Carpes.

Os atos religiosos coincidirão com o horário de início da palestra que o centro universitário vai realizar com três conhecidos parlamentares gaúchos: a deputada federal Manuela D´Ávila, o vereador Ralfe Cardoso e o deputado estadual Mano Changes.

Para mais informações, favor entrar em contato com:

Equipe DCE Feevale, nos fones 35868800 ramais 8714 ou 9021, e-mail DCE@dcefeevale.com.br.

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Nota de Falecimento

É com extremo pesar que o Diretório Central dos Estudantes da Feevale vem informar que, na tarde da última quarta-feira, 12 de setembro de 2007, veio a morrer, por falência múltipla dos órgãos, o Senado Federal.

O velório será realizado no dia 17 de setembro de 2007, nos turnos da manhã, tarde e noite no saguão do prédio Lilás do Campus II da Feevale, sito, RS 239, Bairro Vila Nova, Novo Hamburgo. O enterro será celebrado na mesma data e local às 19h.

Lamentamos o ocorrido e oferecemos aos familiares nossas condolências, bem como nossos mais estimados préstimos.

Novo Hamburgo, 13 de setembro de 2007.

Equipe DCE Feevale

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Bakunin falou, Bakunin avisou...


Istoé também levanta a discussão

Quanto mais avança a crise, mais a discussão sobre o fim do Senado começa a repercutir na mídia. Abaixo, artigo publicado na revista IstoÉ.





O SENADO DEVE SER ABOLIDO?
Cláudio Camargo

A pergunta, antes impensável, tornou-se inevitável depois dos recentes escândalos envolvendo o presidente da Casa, Renan Calheiros, e o ex-senador Joaquim Roriz, além das graves suspeitas que agora pairam sobre seu suplemente, Gim Argello. Senadores decentes, como Pedro Simon e Eduardo Suplicy, entre outros, estão visivelmente incomodados. A situação indignou o recém-chegado Jarbas Vasconcellos, que, recuperando sua verve da época em que era um "autêntico" do MDB, declarou que o Senado está "fedendo" e "se estrangulando como instituição". O Parlamento brasileiro seria melhor se fosse unicameral, como na Suécia, Dinamarca e Finlândia?

No Brasil, o Senado foi estabelecido com a Constituição de 1824, inspirado na Câmara dos Lordes britânica: era composto por senadores vitalícios, indicados indiretamente. Com a República, a Casa perdeu o viés oligárquico e passou a ser eleita, inspirada no modelo americano. Mas - diversamente do que ocorria nos EUA - aqui o Senado sempre foi mais um dique conservador ao voto popular do que expressão legítima da federação. Seu perfil permaneceu essencialmente imobilista durante o período democrático (1946-1964) e mesmo depois da Constituição de 1988, embora tenha conhecido grandes oradores à época da ditadura. Apesar de muitos escândalos que atingiram a instituição ao longo da sua história, apenas um senador foi cassado: Luiz Estevão, em 2000. Quatro outros renunciaram para não ser cassados: ACM, José Roberto Arruda e Jader Barbalho em 2001, e Joaquim Roriz agora.

Hoje, o Senado tem mais de uma dezena de integrantes envolvidos ou suspeitos de envolvimento em corrupção e outros crimes, mas a Casa age como se não fosse com ela. O fato de mais de 13% dos senadores serem suplementes não eleitos só agrava o problema. O dilema está colocado: ou o Senado se reforma ou sua extinção poderá se tornar uma bandeira popular.

Cláudio Camargo é Editorialista e editor da Revista ISTOÉ

Senadores reagem contra a proposta de Fim do Senado

Após as declarações do presidente do PT sobre o fim do Senado, começaram as reações contra a idéia. É interessante notar os argumentos, de que o Senado é "indispensável", de que "preservar o senado é defender a essência do que somos como nação". Realmente, nossa proposta de extinção vai exatamente nesse sentido, de não preservar a essência de corrupção, morosidade e burocracia que caracterizam a política brasileira.

Além disso, a relação casuística montada que a proposta de fim do senado como favorável de interesse a instauração de um terceiro mandato do presidente Lula é uma forma de desviar o foco da idéia.

Abaixo, matéria publicada pelo jornal O Globo sobre o assunto.



Fim do Senado: senadores de governo e oposição se unem contra proposta de Berzoini

Plantão | Publicada em 03/09/2007 às 20h16m
Maria Lima - O Globo







BRASILIA - O debate no plenário sobre o processo de cassação do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) deu lugar nesta segunda-feira a uma reação veemente dos senadores presentes contra a proposta de extinção do Senado Federal, feita pelo presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), deputado Ricardo Berzoini (SP), no congresso do partido nesse final de semana.

A reação foi iniciada pelo vice-presidente da Casa, o petista Tião Vianna (AC), em tom mais brando. Mas logo vieram ataques duros á proposta de senadores da oposiçáo, que acusam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a cúpula do PT de tentar acabar com o Senado, onde o governo tem minoria, para levar adiante a proposta de Constituinte e aprovação de um terceiro mandato para o presidente da República.

Viana rebateu a proposta de Berzoini destacando que, com o fim do Senado, se quebraria o pacto federativo. Ele disse que a tese, além de ser um retrocesso, permitiria a perpetuação da desigualdade regional.

- Contra tudo isso, digo não! Preservar o Senado é defender a essência do que somos como nação, irmanados no projeto maior de construção da pátria com que sonhamos. Uma pátria que seja de todos e que possa contar com uma instituição respeitada, poderosa e legitimamente constituída - o Senado - , cuja vocação é a de promover o equilíbrio regional, condição primeira para o equilíbrio social. Este Senado é indispensável. Este Senado é insubstituível - criticou.

O ex-vice-presidente da República e presidente da Comissão de Constituição e Justiça, senador Marco Maciel(DEM-PE), lembrou que a proposta não vingaria, porque o pacto federativo é cláusula pétrea na Constituição de 1988.

- A Constituição de 1988, entre os seus dispositivos, disse que não se admitirá emenda tendente a abolir a Federação. Via de conseqüência, não se pode admitir extingüir o Senado. Espero que idéias nesse sentido não prosperem - disse Marco Maciel.

O senador Mão Santa (PMDB-PI) era um dos mais revoltados. Disse que a proposta foi feita por Berzoini sob inspiração de José Dirceu, com base nos modelos autoritários de Cuba, Venezuela, Peru, Bolivia e outros que querem se perpetuar no poder.

- Então, é isso que eles querem: fechar o Senado, porque essa é a última resistência do Brasil. Sabem o que eles querem? São 24 mil "aloprados" que não sabem trabalhar, não estudaram, são vagabundos e entraram nomeados. Estão ganhando R$ 10.448, o melhor deles, e essa turma quer continuar. Acho que Luiz Inácio está delirando, porque não acredita que se tornou presidente. Mas esses 24 mil, que nunca trabalharam, que são vagabundos. E o Brasil sabe que são ladrões, que são corruptos. Estão pressionando pelo terceiro mandato. Todo mundo viu a propaganda imoral do "três", do Banco do Brasil. Aquilo, nós que sabemos psicologia e neurolingüística sabemos que é subliminar, para ficar no subconsciente "três", "três", "três", e entrar o Luiz Inácio. Como fez o Chávez recentemente - disse Mão Santa.

O tucano Papaléo Paes (PSDB-AP) também acusa o PT de estar querendo fechar o Senado porque é onde o governo nào tem maioria, e assim poderia prosperar a idéia da mudança na Constituição:


- Isso não tem outra intenção senão a de realmente transformar esse governo Lula. Temos que ficar atentos, de olhos abertos, para que isso não aconteça. Nessa Casa, o presidente da República não pinta e borda, como acontece em um Parlamento com mais de 500 Deputados. Essa Casa é uma resistência à ditadura do Sr. Lula - reagiu Papaléo.

O senador Marcelo Crivela (PRB-RJ) disse que esse tipo de proposta não pode ser feita durante um processo de crise como o que vive o Senado.

- Meu Deus, se não há perspectiva histórica nessa proposta, será por que vem de um líder tão importante a idéia de fechar o Senado? Será que é pelas crises por que passamos agora, com o presidente da Casa sendo submetido ao Conselho de Ética? Eu acho que esses momentos não devem servir de base para decisões intempestivas que vejam o momento e não a retrospectiva - disse Crivella.

domingo, 9 de setembro de 2007

PT defende o fim do Senado

Ainda estamos estudando o impacto das declarações do presidente do PT durante o 3º Congresso Nacional desse partido. Matéria abaixo foi publicada no jornal Folha de São Paulo, no dia 01 de setembro.

Alguns comentários no blog nos acusaram de sermos "vermelhos" e após essa declaração a relação parece ser mais óbvia. No entando, nunca conversamos com ninguém do PT, muito menos entendemos essa como uma proposta partidária. Entendemos como uma proposta que vem de anseio aos desejos de muitos brasileiros como nós.

Berzoini diz que PT vai debater constituinte e extinção do Senado

REGIANE SOARES
da Folha Online

O presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), defendeu hoje a abertura de um debate sobre a convocação de uma nova assembléia constituinte para discutir exclusivamente a reforma política. Uma das propostas --que deve ser debatida no 3º congresso do PT-- prevê que o país tenha uma única Câmara Legislativa e a extinção do Senado.

"O PT defende que o capítulo político [da Constituição] seja discutido amplamente pela sociedade para corrigir alguns vícios que a Constituição de 1988 estabeleceu em relação ao sistema político", disse ele no congresso, que termina domingo, em São Paulo.

Para Berzoini, o sistema único de representação no Congresso corrige as desigualdades do atual sistema. "No nosso entendimento, [a unicameralidade] é mais produtiva para a democracia. Agiliza os processos e reproduz as vontades do povo. Hoje, os Estados são representados de forma desigual. Na Câmara, um pouco desigual. E no Senado, profundamente desigual."

A declaração inicial de Berzoini gerou polêmica e, por meio de sua assessoria, ele recuou e disse depois que não defende a extinção do Senado, mas sim o fim do poder revisor da Casa. No entanto, ao final da abertura do congresso, ele disse que falar em extinção do Senado no país é sempre complicado.

Segundo ele, a Câmara Única Legislativa existe como resolução dentro do PT desde que o partido foi fundado. Berzoini afirmou que há tendências internas do partido que discutem esse tema.

O presidente do PT afirmou que existem duas propostas em discussão sobre o tema: uma prevê a extinção do Senado e a outra a manutenção da Casa como fórum de decisões federativas.

Reforma política

Entre as possíveis distorções citadas por Berzoini no sistema político estão o financiamento privado de campanhas eleitorais, fidelidade partidária e o sistema bicameral --Câmara e Senado.

"Entendemos que o que representa a sociedade é a Câmara dos Deputados com sua votação pelo povo com proporcionalidade total. E não com a proporcionalidade limitada que temos hoje", afirmou o presidente do PT.

Para ele, é preciso equilibrar os interesses dos Estados das questões federativas. Berzoini disse que quer propor a discussão para mobilizar a população e produzir uma vontade nacional para uma nova constituinte. Ele não fixou data para essa constituinte. "Isso seria precipitar um debate. Está só no debate."